Yoga Sutras de Patañjali
Patañjali foi o criador do Yoga clássico, um dos seis darshanas (pontos de vista filosóficos) indianos ortodoxos, que define a prática de Ashtanga Yoga.
Curvemo-nos diante do mais nobre dos sábios, Patañjali, que nos ofereceu o Yoga para a serenidade e santidade da mente, a Gramática para a clareza e fluidez do discurso, e a Medicina para a perfeição da saúde.
पतञ्जलि Os Yoga Sutras são um antigo tratado sobre a prática e filosofia do Yoga, compilados pelo guru Patañjali. Trata-se de 196 aforismos que se debruçam sobre 4 capítulos da prática, tendo em vista a libertação (moksa): Samadhi Pada (contemplação e êxtase yoguico), Sadhana Pada (prática e realização), Vibhuti Pada (propriedades e poderes) e Kaivalya Pada (emancipação, libertação e isolamento).
Quem foi Patañjali
Julga-se que Patañjali tenha vivido entre os anos 500 e 200 A.C. É referido como um svayambhu, uma alma evoluída encarnada com o propósito de ajudar a humanidade. Na sua obra Yoga-Sutras, ele refere a forma de ultrapassar as dificuldades do corpo e as flutuações da mente: os obstáculos ao desenvolvimento espiritual” (B.K.S. Iyengar). Julga-se que Patañjali tenha também sido o autor do Grande Comentário “Mahabhashya” ao tratado gramatical de Panini, e que tenha igualmente escrito importantes obras sobre Ayurveda.
O mito
Uma das lendas relacionadas com o o Maharishi, conta que Patañjali é a encarnação da serpente Adisesha. Adisesha ou Ananta, é a serpente de mil cabeças onde Vishnu, uma das três divindades da trimurti indiana, repousa, reclinando o seu corpo sobre ela, como se tratasse de um sofá, no oceano cósmico. Reza a lenda que Adisesha, procurando por uma mãe para um futuro descendente de Shiva, em meditação, teve uma visão de uma yogini chamada Gonika, que havia pedido por um filho ao qual pudesse transmitir todo o seu conhecimento e sabedoria. Gonika orou ao Deus Sol e nas palmas das suas mãos viu um pequeno ser enrolado como uma serpente. Decidiu acolhê-lo como filho e deu-lhe o nome de Patañjali: Pata significa caído e Añjali significa mãos em gesto de oração.
Yoga Sutras
Apesar do vasto contributo intelectual dado por Patañjali, será aqui analisada a obra Yoga-Sutras, pela importância primordial sobre a prática, que definiu as propriedades do Raja Yoga (Yoga “Real”), fundado sobre as bases smriti de conhecimento. Os Yoga-Sutras constituem a obra fundamental do Yoga Clássico e definem todas as práticas, tipos e correntes de Yoga subsequentes. Existem vários comentários (bashyas) sobre esta obra, sendo o principla o Yoga Bashya, redigido por Vyasa (séc. VI-VII), lendário autor e compilador dos Vedas e do épico Mahabharata.
Os Yoga Sutras são constituídos por 196 aforismos, organizados em 4 capítulos, livros ou percursos (padas): Samadhi Pada (51 sutra), Sadhana Pada (55 sutra), Vibhuti Pada (55 sutra) e Kaivalya Pada (34 sutra). Esta obra está relacionada com a filosofia Samkhya, outro dos seis darshanas do hinduísmo, sendo considerado pela tradição indiana como a filosofia mais antiga. O Samkhya é uma corrente irmã do Yoga, que serviu de base para Patañjali se debruçar nestes Yoga Sutras, refletindo sobre aspetos mais técnicos sobre a concentração, meditação e auto-transcendência.
Ashtanga Yoga – 8 partes do Yoga
Os Yoga Sutras definem um sistema de 8 partes progressivas (Ashtanga Yoga) constituidos por:
Yama – Prescrições éticas e morais Nyama – Proscrições individuais de hábitos e de observância Asana – Posições biofísicas Pranayama – Controlo da bioenergia Pratyahara – Abstração dos sentidos Dharana – Concentração Dhyana – Meditação Samadhi – Suprema Meditação ou Auto-transcendência
Os alicerces do Yoga
Os dois primeiros anga constituem a base da prática de são comuns a todos os tipos de yoga
Yama | Nyama |
Ahimsa – Não violência para com qualquer ser vivo (incluindo o próprio) Satya – Ser verdadeiro e honesto (para os outros e para si próprio) Asteya – Não se apropriar de bens, ideias ou conquistas alheias Brahmacharya – Contenção da energia, restrição das atitudes, castidade Aparigraha – Não invejar nem cobiçar, viver com simplicidade | Saucha – Pureza, limpeza, higiene (física, mental e espiritual) Santosha – Contentamento, satisfação, sentimento de gratidão Tapas – Auto-disciplina, sacrifício, austeridade, determinação Svadhyaya – Auto-estudo, auto-observação, reflexão Ishvara Pranidhana – Entrega das acções ao Absoluto, rendição ao Eu Superior |
Para além destes aspectos, existem outros dois que são fundamentais para a prática de yoga: Abhyasa (perseverança) e Vairagya (desapego).
Artigos
Samadhi Pada
Sadhana Pada
Vibhuti Pada
Kaivalya Pada
Fontes:
Light on the Yoga Sutras of Patañjali – B.K.S. Iyengar
The Tree of Yoga – B.K.S. Iyengar
Patañjali e o Yoga – Mircéa Iliade
Yoga-Sutra – Aforismos de Yoga – Patañjali – Tradução de José Carlos Calazans
Anahana.com