Dharana é o sexto membro do Ashtanga Yoga de Patañjali. É precedido pelo anga Pratyahara, técnicas de abstração dos sentidos, e sucedido pelo anga Dhyana, meditação ou suprema concentração.
A palavra sânscrita Dharana é relativa às raízes fonéticas dha e ana que significam manter, suportar, aguentar, suster. Dessa forma, Dharana pode ser traduzido como o acto de suportar, manter e reter a concentração da mente. Tem o objetivo de manter a atenção segura e firme num foco único (ekagrata).
O caminho progressivo do Raja Yoga, que refina a mente em direção ao derradeiro objetivo, o Samadhi ou auto-transcendência, vai sendo aprimorado através de práticas morais (yama e niyama), físicas densas (asana), respiratórias (pranayama), subtis (pratyahara) e cada vez mais subtis e mentais, de uma forma evolutiva. Uma vez que no estado de pratyahara, o sadhaka alcançou o estado de restrição das sensações externas, estando neste ponto com a consciência voltada para o seu ambiente interior, o estado de dharana, irá permitir a fixação da mente neste próprio estado de concentração interna. A mente encontrar-se-á focada de forma ininterrupta num ponto único (ekagra chitta) e irá encaminhar-se naturalmente para os estádios seguintes do Raja Yoga – dhyana e samadhi.
Como referido na página dedicada ao tema meditação, meditar não significa estar livre de pensamentos, mas sim estar conscientemente alerta. Logo, a concentração é um estado interno em que existe uma consciência das ondas mentais, uma atenção a esse refrear da atividade cerebral e sensorial que conduz posteriormente a um estado de dissolução da consciência. Podemos observar facilmente este estado ao focarmos a nossa atenção total na observação de um flor ou mantendo a atenção única na chama de uma vela. A mente está focada no objeto, em fusão com o mesmo, e os pensamentos externos tendem a diminuir (ou a terem menos impacto na nossa atenção).
No Yoga Sutra II.53, Patañjali refere que o pranayama, não é apenas uma forma de acalmar a mente, mas também uma ferramenta de acesso à concentração.
A prática de dharana pode ter como foco um objeto interno ou externo.
Segundo o mestre Vyasa, no comentário Yoga Bashya, podemos fixar a nossa atenção nos seguintes locais do corpo: zona do umbigo (nabhicakra), coração (hrdaya pundarika), centro da cabeça (murdhani), foco luminoso no intercílio (jyotisi ou ajñacakra), ponta do nariz (nasikagra) e ponta da língua (jihvagra). A concentração nestes pontos energéticos coloca-nos em contacto com a nossa verdadeira natureza
Relacionados:
Yoga Sutras de Patañjali
Referências:
Light on the Yoga Sutras of Patañjali – B.K.S. Iyengar
The Tree of Yoga – B.K.S. Iyengar
Wikipedia