A meditação é um estado de consciência que acontece naturalmente, após as flutuações mentais acalmarem. Os pensamentos irão sempre existir, contudo, não nos deixamos levar por eles, observamo-los como um espectador assiste a um conteúdo exibido num ecrã. Com alguma prática, torna-se fácil o posicionamento físico e mental para a prática de meditação.
Devemos estar sentados, em dhyanasana (ver Asana – Meditação) com a coluna direita, olhos fechados e rosto levemente inclinado para baixo. Podemos sentar-nos sobre uma almofada ou zafu para obtermos mais conforto. As mãos em concha sobre o colo em Shiva Mudra, pousadas sobre os joelhos, em Jñana Mudra ou noutro Mudra à escolha. A meditação poderá ser realizada em contexto de aula, idealmente após os angas de asana, pranayama e pratyahara/dharana.
Estabelecemo-nos na nossa posição, confortáveis e calmos, e damos início à nossa prática:
Como meditar – conselhos práticos
1) Escolher um sítio dedicado à prática da meditação. Poderá ser n nossa casa, num local calmo e especial, pode ser no exterior, em ambiente seguro, tranquilo e ameno, ou noutro local em que nos sintamos confortáveis. Podemos ter objetos de atenção, como representações, estatuetas, flores, incenso, velas, ou outros elementos de foco nos quais nos possamos concentrar e elevar espiritualmente a nossa prática. Este local será gradualmente fonte de energia positiva e tornar-se-á o nosso abrigo.
2) Estabelecer uma rotina de meditação. As horas ideais para meditar são o nascer do dia e o pôr do sol. Iniciar o dia com meditação é uma excelente forma de nos tranquilizarmos e de nos conectarmos connosco antes de avançar para as atividades diárias. Da mesma forma, antes de deitar também é bastante benéfico pois prepara-nos para um sono tranquilo.
3) Devemos estabelecer um tempo dedicado à prática. Inicialmente começar por 20 minutos e posteriormente ir aumentando gradualmente para 60 minutos. Durante este tempo devemos estar completamente entregues, observando os pensamentos que surgem mas sem nos envolvermos neles.
4) Concentramo-nos na respiração, primeiro inspirando e expirando profundamente para garantir a oxigenação do cérebro e posteriormente normalizando a respiração natural. Podemos utilizar contagem de tempos para sentir a regulação do prana e para focarmos a atenção neste processo vital, relaxando progressivamente o corpo e a mente.
5) Fechamos os olhos e tentamos abstrair-nos dos sons, cheiros, sensações e estímulos exteriores. Recolhemo-nos no nosso interior, prestando apenas atenção ao vazio.
6) Concentramo-nos num ponto focal interno (chidakasha). Poderá ser o intercílio, espaço entre as sobrancelhas, onde reside o Ajña Chakra, ou o Anahata Chakra, na zona do coração.
7) Como auxílio de concentração, pode ser usado um Mantra, como o OM ou outro. Deverá ser repetido mentalmente, com foco, e sem ser alterado.
8) A repetição do Mantra irá purificar a mente e o som irá fundir-se com a consciência, provocando um estado de transcendência. Poderá ser usada uma Japamala para a contagem dessa repetição (a mais comum é a repetição de 108 vezes)
9) Quando se acede ao estado de transcendência, ainda permanece uma sensação de ego-consciência mas gradualmente essa dualidade irá desaparecendo e aí surgirá o estado de Samadhi.
10) Em Samadhi, assistimos a uma fusão entre o Observador, o Observado e o Absoluto.
A melhor forma de aprender a meditar é praticando a meditação.
“Uma grama de prática equivale a toneladas de teoria”
Swami Sivananda
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Estados de Consciência
Referências:
YOGA, Mind and Body – Sivananda Yoga Vedanta Centre