Os sistemas de filosofia indianos dividem-se em duas classes: Nástika e Ástika. As filosofias Ástika (asti – “há, existe”) baseiam-se exclusivamente nos Veda. Algumas pressupõem a existência de um Ser superior [Brahman (absoluto), Atman (essência individual), Ishvara (consciência suprema)] e outras não, como o caso do Samkhya (apesar de reconhecer Purusha como consciência). São filosofias Nástika (na – “não” + ástika – “existe”) as que não se baseiam nos Veda. Os exemplos mais conhecidos de filosofias nástika ou heterodoxas são as escolas Budista, Jainista, Cárváca e Ajivica.
As escolas filosóficas ástika ou ortodoxas são compostas por 6 sistemas ou darshanas. Darshan ou darshana ( दर्शन ) significa “ponto de vista”, “visão”, “acto de observar”, “aparência”, “vislumbre da divindidade”. Aqui a palavra darshana refere-se aos seis sistemas de pensamento hindu e à sua forma de ver e interpretar os textos antigos, bem como a própria forma de ver o Universo. Estas escolas têm como objetivo a libertação da ignorância e dos condicionamentos mentais.
Nyaya
A escola Nyaya tenta explicar teoricamente, de forma lógica e analítica, as formas de percepção da realidade, tendo em conta que esta é fruto da percepção dos nossos sentidos. O maior autor de textos desta escola é Gautama, também conhecido como Akshapada. De caráter experimental, o Nyaya formula uma teoria gerada a partir de 4 fontes de conhecimento: a percepção, a inferência, a analogia e o testemunho fidedigno. Nyaya significa “lógica” ou “investigação”.
Vaisheshika
Atribuído a Kanada, esta corrente de carácter prático está associada ao Nyaya, sendo que estuda a física, a metafísica, os átomos e a matéria através da lógica e experimentação. Significa “particularidade” ou “característica”.
Samkhya
O Samkhya é uma filosofia naturalista não teísta, fundada por Kápila, que tenta explicar a criação do Universo bem como as constantes alterações que daí decorrem. A palavra significa “enumeração”, “razão”, “sabedoria”. Trata-se portanto de uma componente teórica sobre a cosmogénese que considera a realidade como fruto de dois princípios independentes: Purusha (consciência, espírito) e Prakrti (natureza, matéria). O Samkhya está relacionado desde sempre com o Yoga, andando lado a lado com esta prática, que é a materialização da teoria.
Yoga
Descendente direto do Samkhya, que coloca em prática os ensinamentos dessa filosofia. A palavra significa “união”, “jugo”, “ligação” e pressupõe uma união entre o corpo, mente e espírito. Utiliza técnicas de concentração, meditação e libertação descritas no Samkhya bem como nos Yoga Sutras de Patañjali. A diferença principal das duas correntes, embora se considere que tenham a mesma génese, é relativamente à existência de um Ser superior, sendo que o Samkhya é ateísta e o Yoga reconhece a existência de Ishvara.
Vedanta
A palavra Vedanta significa “conclusão dos Veda” ou “a essência dos Veda” e os seus estudos são baseados nos últimos textos destas obras, as Upanishads, que detém o jñānakānda (“secção de conhecimento”). O Vedanta debruça-se sobre vários aspectos da natureza do ser, considerando o Absoluto (Brahman) como Sat Chit Ananda (Existência – Consciência – Beatitude), sendo que a realidade é uma manifestação ilusória (Maya). Apesar de ter um carácter teísta, o estudo de Vedanta traz vários ensinamentos práticos para o dia-a-dia do aluno, transformando a forma de perceção da realidade e o impacto que esta tem na sua forma de lidar com a vida. O objeto de estudo do Vedanta são as Upanishads, Brahma Sutras e a Bhaghavad Gita. Os maiores autores de Vedanta foram Badarayana e Shankara.
Mimansa
Mimansa significa “busca” ou “investigação”. Trata-se de uma escola cujo estudo se debruça sobre as leis naturais (dharma), com base nos antigos textos dos Veda, considerados por esta escola como fonte eterna e absoluta de conhecimento. Os principais mestres de Mimansa foram Shankara e Swami Vivekananda. O Mimansa formou a base do Sanatana Dharma.
Referências:
Wikipedia
Yoga.pro.br